terça-feira, 31 de agosto de 2010

RODA DE CHIMARRÃO - "Comemoração ao Dia do Biólogo"


COMEMORAÇÃO AO DIA DO BIÓLOGO”

TEMAS: A Biologia da UNIPAMPA, Pós-graduações, Áreas de atuação e Perspectivas.


Dia: 02/09/2010 (véspera do dia do Biólogo)

Hora: 18h30min

Local: Sala 106 (CAMPUS)

Convidados: Coordenadores dos Cursos de Ciências Biológicas – Prof. Jeferson Luiz Franco e Prof.Valdir Marcos Stefenon


BIÓLOGOS DE TODAS AS QUERÊNCIAS:

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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

ANIMAIS PEÇONHENTOS: ECOLOGIA E PREVENÇÃO DE ACIDENTES


Convite para reunião
Os alunos interessados em participar e colaborar com o projeto devem comparecer a reunião a ser realizada no dia 01 de setembro de 2010, no Campus da UNIPAMPA sala 307 às 18 horas.


Maiores informações com Marcela Saldanha Pires (6° semestre – Ciências Biológicas)
E-mail: marcelapires14@yahoo.com.br

Responsável PET - Biologia.

domingo, 15 de agosto de 2010

Do parasitismo à simbiose

Atualmente, há grande facilidade para compreender as relações ecológicas e as formas de interações biológicas no mundo natural, por meio do cinema, da televisão, das novas tecnologias da informação. Assim, por exemplo, os programas na National Geographic ou a série Planeta Terra, da BBC, mostram tais interações nos pólos, nas montanhas, na água doce, nas cavernas, nos desertos, nas grandes planícies, nas selvas, nas florestas sazonais, no mar raso, nos grandes oceanos.

Os tipos de relações variam das de parceria e cooperação às de antagonismo ou competição. A simbiose e o comensalismo são relações harmônicas; são desarmônicas as interações como a antibiose (princípio usado nos antibióticos, que matam ou inibem certos organismos vivos), o predatismo, o canibalismo, o parasitismo. Relações antagônicas aplicam estratégias astuciosas, de predação e mortes violentas.

O Homo sapiens mantém vários modos de relações ecológicas e interações com os demais de sua espécie, com outras espécies e com o planeta que o hospeda.

O ambientalista José Lutzenberger dizia que a população humana vem se comportando pior do que o pulgão no tomateiro. Ele se referia ao parasitismo, um dos tipos de relações desarmônicas que ocorre no mundo da natureza. O parasita vive no corpo do hospedeiro, do qual retira alimentos. O pulgão se reproduz até matar a planta hospedeira. O Homo sapiens parasita é inquilino de seu habitat Terra, nutre-se dele. Hóspede voraz, consome sem limites alimentos, matérias primas e energia e caminha para cometer o matricídio da mãe-terra que o nutre. Mas a natureza pode assumir a face da mãe Kali, a deusa hindu, que representa a natureza. Deusa da morte e da sexualidade, é a divina Mãe do universo e destrói a maldade. Com desastres mais intensos e freqüentes, a natureza mostra sua força diante daqueles que a parasitam. Numa reedição da expulsão do paraíso, nossa espécie corre o risco ser expulsa do planeta que a hospeda, conforme sugere James Lovelock, o autor da teoria Gaia, que estima que estaremos reduzidos a um bilhão de pessoas até o final do século XXI.

Sendo animal e sendo político, para o ser humano formas de interações correspondentes às biológicas e ecológicas se reproduzem no campo das relações políticas, sociais, econômicas, afetivas. No campo social e político, as relações negativas podem ser de guerra, de confronto e de conflito violento ou não violento, de dominação, de submissão, de dependência, de manipulação; na interação positiva ou harmônica ressaltam as relações de diálogo, de cooperação e parceria, de enriquecimento mútuo, de aliança.

A consciência e a ação ecológica podem fazer-nos caminhar rumo a uma evolução conscientemente projetada e construída. Nela, os seres humanos vivem relacionamento mutuamente reforçador com a comunidade maior dos sistemas vivos e tem atitude colaborativa com a natureza, conforme a visão da “sustentabilidade recíproca”: o ser humano sustenta a natureza e, por sua vez, o mundo natural sustenta o ser humano.

Simbiose implica cooperação, convivência, coevolução do ser em seu ambiente, e reciprocidade mutuamente reforçadora. A simbiose é uma relação entre duas plantas, uma planta e um animal, ou dois animais, na qual ambos os organismos recebem benefícios. Na relação simbiótica, os organismos atuam em conjunto para proveito mútuo. Aplicado na ecologia industrial, o conceito supõe que existam interações lucrativas entre empresas de vários setores, pelas quais recursos tais como a água, a energia e materiais provenientes de uma indústria são recuperados, reprocessados e reutilizados por outras. Na ecologia urbana, o conceito de symbiocity, desenvolvido na Suécia, promove o desenvolvimento urbano holístico e sustentável, encontrando sinergias entre funções urbanas e tornando-as eficientes e lucrativas.

O simbionte nutre o hospedeiro de quem depende para sobreviver.

Nos processos evolutivos em curso no planeta, há forças exógenas, cósmicas, algumas compreendidas pela nossa espécie e outras ainda não compreendidas. Podemos atuar sobre algumas e redirecionar tendências, alterando a intensidade das forças, reduzindo a força das relações desarmônicas de antibiose, predatismo, canibalismo, parasitismo, escravagismo, competição. A probabilidade de construirmos uma Era Ecológica aumenta ao se promoverem relações harmônicas do ser humano em seu habitat: relações de simbiose, mutualismo, comensalismo.

Postura ética e política diante da crise ecológica exige a aplicação de valores tais como o da harmonia e da não violência. A ética política busca a liberdade e o bem viver para todos ao evitar a guerra, a violência, as relações indesejáveis, negativas, antagônicas e desarmônicas como a predação, o parasitismo e a defesa de privilégios, o escravagismo, as dominações social e politicamente injustas.

Isso implica fortalecer modos de relação harmônicos com o ambiente que nos nutre e com as demais espécies, bem como relações harmônicas intra-específicas (sociais, políticas, econômicas) e dissolver ou reduzir a importância de relações desarmônicas ou antagônicas.

Implica evolução do parasitismo à simbiose.

Maurício Andrés Ribeiro - Autor de Ecologizar e de Tesouros da Índia para a civilização sustentável - www.ecologizar.com.br / mandrib@uol.com.br

Disponível em:
http://www.portaldomeioambiente.org.br/coluna-mauricio-andres-ribeiro/5065-do-parasitismo-a-simbiose.html


Sustentabilidade Social começa em casa

Formação de futuros cidadãos começa nos lares de hoje.

Por Izabel Portela

5064O conceito de sustentabilidade vem ao longo do tempo sendo ampliado, conforme a própria evolução da humanidade. Até chegarmos ao conceito mais utilizado atualmente que trata da solidariedade intergerações, de tal modo que o bem estar das gerações atuais não pode comprometer as oportunidades e necessidades das gerações futuras, passamos por várias etapas. Inicialmente o conceito de sustentabilidade relacionava-se quase que exclusivamente às questões ambientais, não sendo levadas em consideração as dimensões econômicas e sociais. Desta forma que esta chamada era quase como um grito de guerra das organizações não governamentais voltadas para as questões ambientais. Estava distante da lógica dos negócios.

Sérgio Buarque em 1994, também conceituou o desenvolvimento sustentável como o "Compromisso com o futuro e a solidariedade entre gerações". Resumidamente o autor nos chama para o cuidado, com o outro, com a terra, com a vida. Isto nos faz pensar que a sustentabilidade social começa em casa. Provocador o tema, mas extremamente educativo. Hoje, vivenciamos um cenário onde as empresas privadas estão incorporando às suas estratégias de gestão critérios ambientais para todas as etapas do processo produtivo e ainda levando em consideração as dimensões sociais como critérios para a seleção e monitoramento de seus bens e serviços e o compromisso formal com a valorização da diversidade.

A dimensão econômica também está sendo impactada por este conceito onde existem metodologias que avaliam o impacto da incorporação de aspectos socioambientais nos resultados financeiros da empresa e também sistemas de gestão de riscos, quantificando muitas vezes o percentual do mesmo na reputação da empresa, na liquidez, no crédito etc.

A evolução tem sido constante e o Brasil, até o final de 2009 possuía 97 empresas certificadas pela SA8000, referente a boas condições de trabalho. É o quarto país no mundo em empresas com a certificação, atrás de Itália, Índia e China. Em relação a créditos de carbono, 226 projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) estão em andamento no país, que é o terceiro no mundo em número de projetos, atrás da China e Índia.

Os números também tem sido tentadores em relação às empresas signatárias do Pacto Global (417 no total) o que coloca o nosso país na quarta posição, seguido da França, Espanha e México. Levando em consideração que preservar a vida é um ato de caráter maternal, não temos como não considerar que esta ação deve-se iniciar nos lares, nas famílias, de onde sairão os futuros gestores das organizações privadas, não governamentais, governamentais, cidadãos adultos responsáveis pelas futuras gerações.

* Izabel Portela é jornalista, professora e atual diretora-presidente do Instituto IRIS

Disponível em:

http://www.portaldomeioambiente.org.br/educacao-e-cidadania/5064-sustentabilidade-social-comeca-em-casa.html

Transformação viral

Transformação viral

Vírus H1N1 pode estar se transformando e adquirindo patologia semelhante à do vírus da influenza sazonal, responsável pela gripe comum, diz Sherif Zaki, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, que afirma não haver razão para pânico em caso de um novo surto (foto: CDC)

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Logo após o aparecimento dos primeiros casos da gripe suína, no México, em abril de 2009, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, divulgou que a doença poderia se transformar em uma pandemia – o que de fato ocorreu. Um ano e meio depois, os cientistas do CDC continuam tentando entender a patologia do vírus da influenza A H1N1, causador da gripe.

De acordo com Sherif Zaki, chefe do Departamento de Patologia e Doenças Infecciosas do CDC, o H1N1 pode estar se transformando e adquirindo uma patologia semelhante à do vírus da influenza sazonal, que causa a gripe comum.

Zaki explica que o H1N1 continua circulando e os surtos podem voltar a ocorrer. Mas com o avanço do conhecimento sobre as possíveis mudanças em suas características, com desenvolvimento de novas vacinas e com a continuidade das campanhas de educação e prevenção, os riscos serão baixos.

Por outro lado, as pesquisas têm mostrado que, nos casos fatais de influenza, a incidência de coinfecções com bactérias é maior do que se imaginava.

Zaki participou, na semana passada, do 3º Encontro de Patologia Investigativa e da 13ª Jornada Internacional de Patologia, realizados pelo Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. Leia a seguir a entrevista concedida pelo cientista norte-americano à Agência FAPESP.

Agência FAPESPHá um ano e meio surgiu o surto de gripe A, que matou mais de 100 pessoas no México e marcou o início de uma pandemia. Hoje, o CDC continua estudando o H1N1. O que há de especial na patologia desse vírus?
Sherif Zaki – Há muitas diferenças entre os vírus da influenza sazonal, que causam a gripe comum, e o H1N1. Eles atacam diferentes partes do pulmão. O vírus da influenza sazonal envolve mais as vias superiores, traqueia e brônquios. É uma doença das vias respiratórias superiores. O H1N1 ataca mais a parte periférica, ou inferior, dos pulmões, causando mais pneumonia. Essas diferenças têm a ver com as partes dos pulmões a que estão ligados os receptores desses vírus. As doenças que eles causam, portanto, são um tanto diferentes.

Agência FAPESP Essas diferenças também se refletem na gravidade da doença?
Zaki – A questão é que os pacientes que têm certas condições subjacentes – como obesidade extrema, diabetes, câncer ou algum tipo de imunossupressão – são mais suscetíveis a forma severa da doença. E os mais jovens são mais suscetíveis à influenza do H1N1 do que à sazonal. Essa última normalmente atinge com maior incidência gente acima de 60 anos. A gripe do H1N1 envolve mais a faixa dos 20 aos 55 anos por uma questão relacionada à imunidade. As pessoas nessa faixa não foram expostas a vírus similares, enquanto as mais velhas já foram e, por conta disso, desenvolveram algum tipo de imunidade a eles.

Agência FAPESP Há ainda desafios científicos envolvidos com a patologia desses vírus?
Zaki – Sim, ainda há muitas coisas que não entendemos. Acho que o próximo desafio será prever o que acontecerá em relação à influenza no próximo outono no hemisfério Norte. Não sabemos com que intensidade ela voltará, quantas pessoas serão afetadas, qual a disponibilidade de vacina ou como as novas vacinas serão incluídas nos programas regulares de vacinação. No caso da H1N1, essas perguntas são muito importantes porque não sabemos se esse vírus está aqui para ficar. Não sabemos se ele se tornará uma outra influenza sazonal, ou se é algo que passará. Há algumas evidências de que o vírus pode estar se modificando com o tempo, aproximando-se da patologia da influenza sazonal. Há muitas perguntas a fazer e temos que continuar pesquisando.

Agência FAPESPDepois de abril de 2009 o surto do vírus H1N1 gerou muitas manchetes nos jornais. Mas, agora, parece que o assunto arrefeceu. A pandemia foi superada? Qual o desafio daqui em diante em termos de epidemiologia?
Zaki – Essa é uma questão muito boa e que nos intriga. O vírus ainda está aí, gerando novos casos da doença. Mas, como ocorre com a gripe sazonal, dependendo da localização de cada país – no hemisfério Norte ou Sul –, há diferenças na estação em que ocorrem os surtos de gripe. O fato é que o vírus não desapareceu, ele ainda está circulando. A pergunta agora é: a cepa que causou o último surto foi ou não substituída por uma nova cepa? É típico do vírus da influenza ter uma cepa circulando quando, subitamente, ela é substituída por uma nova.

Agência FAPESPÉ possível prever qual será a próxima cepa a circular?
Zaki – Sempre temos várias linhagens em ação – a questão é saber qual delas vai predominar. É por isso que a vacina muda a cada ano. Temos que tentar prever qual será a principal cepa no próximo ano. Precisamos de vários meses para preparar as vacinas e as decisões devem ser feitas cinco ou seis meses antes. Especialistas de todo o mundo se encontram, discutem sobre as linhagens, trocam informações e fazem recomendações para a OMS sobre quais as novas linhagens que devem ser incluídas na vacina do ano seguinte.

Agência FAPESPAs vacinas são eficientes?
Zaki – Elas são eficientes em 60% a 70% dos casos. São altamente recomendadas para os muito jovens ou muito velhos, além de pessoas com doenças como diabetes, câncer ou asma. Grupos suscetíveis a essas e outras doenças devem tomar a vacina. Mas há um aspecto muito importante: não se trata só da vacina da influenza. Um dos problemas da influenza é que muitas vezes há coinfecções bacterianas. E estamos constatando que o vírus H1N1 tem uma incidência maior de coinfecções com bactérias do que pensávamos antes.

Agência FAPESPO vírus abre as portas do organismo para as bactérias?
Zaki – Sim, basicamente ele abre as portas danificando as defesas do corpo. É importante saber quais são as bactérias com maior incidência nesses casos, pois temos vacinas também para algumas delas. Esse é um componente muito importante para a prevenção, não só para a influenza, mas também para outras bactérias associadas – em especial a infecção por estreptococos, que sabemos ser comum entre pacientes de gripe. E essas infecções afetam especialmente pessoas com aquelas condições que mencionamos, como crianças e diabéticos.

Agência FAPESP A doença causada pelo vírus H1N1 é realmente muito mais grave do que a gripe comum?
Zaki – Essa é uma questão difícil de ser respondida. Ela é mais severa em alguns casos, porque não temos imunidade nessa grande faixa etária dos 20 a 55 anos e 90% dos pacientes podem ter alguma condição subjacente. Mas nem todos têm a gripe em sua manifestação severa. Em geral, a gripe suína não parece causar mais mortalidade do que a gripe sazonal comum.

Agência FAPESPPodemos dizer que é importante destacar as diferenças entre os dois tipos de gripe, mas que não há razão para pânico em caso de um novo surto do vírus H1N1?
Zaki – Exato. Não há razão alguma para pânico. Precisamos conhecer o inimigo, vacinar, prevenir e continuar a campanha educativa, que inclui lavar as mãos, seguir regras de higiene, etc. Esse é o ponto. Mas não é preciso se preocupar com essa gripe mais do que fazemos com a gripe sazonal. Trata-se apenas de mais uma forma de gripe sobre a qual precisamos saber mais. Não é mais mortal, nem mais perigosa. É apenas diferente. E precisamos nos preparar para essas diferenças.

Agência FAPESPEm relação ao vírus H1N1 e à influenza de modo geral, qual é o foco da pesquisa, atualmente, no seu grupo do CDC?
Zaki – Estamos observando as transformações do H1N1. Cada vez mais estamos vendo casos envolvendo as vias superiores. Então, nossa principal questão é saber se o vírus permanecerá o mesmo, ou se vai se adaptar e ficar mais parecido com a variedade sazonal em relação à patologia.

Agência FAPESPOs esforços, então, estão voltados para compreender o próprio vírus?
Zaki – Sim, mas não estamos tão ocupados como há cinco meses. Agora, podemos fazer estudos de rotina e levar adiante trabalhos de epidemiologia. Fazemos estudos a partir de cerca 800 casos fatais que recebemos, sendo que em metade deles foi confirmado que a morte foi causada por influenza. Daqui em diante, o importante é também aprimorar os diagnósticos clínicos. Em muitos casos achamos que o paciente morreu de gripe, mas que ele tinha várias doenças ao mesmo tempo. É preciso aprender sobre essas doenças também. Infelizmente, quando se tem uma pandemia, todo mundo pensa só na influenza e tende a atribuir tudo ao vírus. É preciso definir melhor os diagnósticos e educar a população em relação a quais são as características de influenza, distinguindo-as melhor de outros casos.

Disponível em:

http://www.agencia.fapesp.br/materia/12594/entrevistas/transformacao-viral.htm

Calendário Ambiental



JANEIRO

11 – Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos

FEVEREIRO

02 – Dia Mundial das Zonas Úmidas

06 – Dia do Agente de Defesa Ambiental

MARÇO

01 – Dia do Turismo Ecológico

20 – Início do Outono

21 – Dia Internacional da Floresta

22 – Dia Mundial da Água

23 – Dia Mundial do Meteorologista

ABRIL

07 – Dia Mundial da Saúde

15 – Dia Nacional da Conservação do Solo

19 – Dia do Índio

22 – Dia do Planeta Terra

28 – Dia da Educação

MAIO

03 – Dia do Pau-Brasil

05 – Dia do Campo

08 – Dia Mundial das Aves Migratórias

13 – Dia do Zootecnista

22 – Dia da Biodiversidade

22 – Dia do Apicultor

25 – Dia do Trabalhador Rural

27 – Dia da Mata Atlântica

29 – Dia do Geógrafo

30 – Dia do Geólogo

JUNHO

05 – Dia Mundial do Meio Ambiente

17 – Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca

21 – Início do Inverno

29 – Dia do Pescador

JULHO

02 – Dia Nacional do Bombeiro

08 – Dia Nacional da Ciência

12 – Dia do Engenheiro Florestal

13 – Dia do Engenheiro Sanitarista

15 – Aniversário do COMANDO AMBIENTAL DA BRIGADA MILITAR

17 – Dia de Proteção às Florestas

25 – Dia do Colono

28 – Dia do Agricultor

AGOSTO

09 – Dia Interamericano de Qualidade do Ar

14 – Dia do Combate à Poluição

28 – Dia da Avicultura

SETEMBRO

03 – Dia do Biólogo

05 – Dia da Amazônia

09 – Dia do Veterinário

16 – Dia Internacional de Proteção da Camada de Ozônio

19 – Dia Mundial pela Limpeza da Água

21 – Dia da Árvore

22 – Dia Nacional da Fauna

22 – Dia da Jornada “Na cidade Sem Meu Carro”

23 – Início da Primavera

OUTUBRO

1º sábado – Dia Interamericano da Água

04 – Dia Mundial dos Animais, Dia da Natureza

05 – Dia da Ave

12 – Dia do Mar

12 – Dia do Agrônomo

14 – Dia Nacional da Pecuária

15 – Dia do Educador Ambiental

16 – Dia Mundial da Alimentação

27 – Dia do Engenheiro Agrícola

NOVEMBRO

01 – Dia Nacional da Espeleologia

05 – Dia da Ciência

18 – Aniversário da BRIGADA MILITAR

30 – Dia do Estatuto da Terra

DEZEMBRO

14 – Dia do Engenheiro de Pesca

15 – Dia do Jardineiro

22 – Início do Verão

sábado, 14 de agosto de 2010

Inpe aponta novas áreas de queimadas no Brasil

Fogo destrói áreas do Tocantins e norte de Goiás, perto de Mato Grosso.
Mato Grosso e Pará são estados com maior número de focos de incêndio.

Luciana Rossetto Do G1, em São Paulo


Incêndio na Via Estrutural
Agosto e setembro são os meses com maior número de ocorrência de queimadas na Região Centro-Oeste
(Foto: Ed Ferreira/AE)

Novos focos de queimadas foram registrados no Brasil neste ano, segundo informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O meteorologista Raffi Agop, do Inpe, explicou ao G1 que as áreas estão localizadas principalmente no sul do Tocantins e norte de Goiás, perto da divisa com Mato Grosso. Novos pontos de incêndio também surgiram no sul de Goiás e no Pará. Nesses locais, segundo Agop, o Inpe ainda não havia registrado focos de incêndio.

Entre as áreas citadas por Agop estão o Parque Nacional do Araguaia e a Serra Geral do Tocantins, que são unidades de conservação. “São pontos novos, que não queimavam há dez anos. O Tocantins, por exemplo, teve cerca de 4.200 focos neste ano contra pouco mais de 900 no ano passado. Do total no estado em 2010, 40% dos focos ocorreram dentro ou perto de unidades de conservação”, disse.

O Inpe ainda não estimou a extensão atingida e as causas dos novos incêndios. Porém, o meteorologista ressalta que, apesar das novas áreas, os pontos de incêndio diminuíram de maneira geral nos últimos anos. “O número tem caído por conta da queda no desmatamento e também pelo aumento na fiscalização das áreas de vegetação. No ano passado, a quantidade de queimadas foi bem menor também, pois choveu mais do que nos outros anos.”

O período mais crítico para queimadas são os meses de agosto e setembro, segundo o Inpe. Mato Grosso e Pará são os estados mais críticos para ocorrência de queimadas, mas há grande ocorrência também em Rondônia e Mato Grosso do Sul.

“As queimadas começam em maio, mas agosto e setembro são os piores meses para o Centro-Oeste e o sul da Amazônia, que sofrem com a estiagem e o tempo seco. A partir de outubro até janeiro, começa a chover nessas regiões e as queimadas migram para o Nordeste, que está com o ar mais seco e recebe maior incidência de sol. De janeiro a abril, as queimadas passam a atingir Roraima e o norte do Amazonas, áreas que estão mais secas enquanto chove em todo o resto do Brasil”, disse.

Apesar de a estiagem colaborar para queimadas, segundo Agop, muitos incêndios são criminosos, causados por pessoas que ateiam fogo a lixões ou a terrenos para limpar a mata. Há também incêndios provocados por balões. A previsão, de acordo com o Inpe, é que o tempo continue seco até outubro.

Combate ao fogo
Combater incêndios florestais é muito diferente de atuar em cidades, conforme explicou ao G1 o major do Corpo de Bombeiros do Tocantins Geraldo da Conceição Primo, coordenador da força tarefa organizada para combater o fogo na Serra do Carmo e no Parque Estadual do Lajeado, em Palmas. Além da passagem de veículos ser limitada, a mata fechada e as regiões íngremes dificultam o trabalho.

“As caminhonetes com água podem avançar até certo ponto. Depois, os homens usam bombas costais e caminham com o equipamento nas costas até o fogo. Toda a vez que a água acaba, nós temos que voltar. É um trabalho desgastante. Quando há aeronaves para dar suporte, o deslocamento dos homens e o transporte de água ficam mais fáceis. As aeronaves também podem atuar no ataque direto ao fogo”, disse.

De acordo com o major, as estratégias de combatem mudam de acordo com a peculiaridade de cada local. “Por exemplo, há situações de vento forte em que é necessário recuar para fazer o ataque. Também procuramos áreas com vegetação mais rala, onde o fogo tende a diminuir um pouco.”

O major conta que o mais triste nestas situações é quando o fogo fica fora de controle e mata animais. “Vemos pássaros e outros bichos mais lentos morrerem porque não conseguem sair dali. Às vezes, as chamas são tão intensas que não conseguimos nos aproximar. Não há o que fazer.”

Mascara
Máscaras do tipo N95 oferecem proteção
contra partrículas liberadas por queimadas
(Foto: Divulgação/3M)

Saúde
O médico pneumologista Marcelo Rabahi, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), explicou ao G1 que as queimadas também prejudicam a saúde. Os incêndios produzem partículas muito pequenas, oriundas de material orgânico e de vegetação que foram destruídos pelo fogo.

“Essas partículas ficam suspensas no ar e, quando inaladas, elas causam irritação no aparelho respiratório. O número de partículas é tão elevado que ultrapassa a capacidade de defesa do pulmão”, disse.

De acordo com o médico, os pelos no nariz ajudam a reter partículas inaláveis, mas quando elas conseguem passar, atingem os brônquios. Quando são muitas, irritam as paredes dos brônquios, causam tosse e a formação de secreção como catarro. Caso a pessoa tenha algum problema respiratório, como asma ou alergias, a dificuldade de respirar é maior.

No caso da fumaça, dependendo do que foi queimado, há grande quantidade de gases tóxicos que afetam as vias respiratórias. “A fumaça que tem origem com a queima de material inflamável, como pneus e combustíveis, por si só é altamente prejudicial. A pessoa é intoxicada por causa da inalação excessiva dos gases”, disse.

Segundo o médico, pessoas que vivem perto de áreas de queimadas podem usar máscaras do tipo N95, que protege contra 95% das partículas inaladas. Para o médico, também é importante consumir bastante água para manter o corpo hidratado e evitar o consumo abusivo de medicação.

Dsponível em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/08/inpe-aponta-novas-areas-de-queimadas-no-brasil.html

Último dia para realizar a Inscrição para a Palestra com o Prof. Dr. Eric W. Triplett

Atenção Acadêmicos da Universidade Federal do Pampa e demais interessados....

Dia 16 de Agosto Palestra com o Prof. Dr. Eric W. Triplett da Agriculture and Life Sciences: Dept. of Microbiology and Cell Science - University of Florida, com experiência em Interações Microorganismo - Planta, Ecologia Microbiana, Genômica e Biodiversidade.
Título da Palestra: "Uses of next generation sequencing for Microbial Ecology."
Horário: 10:00 hs
Local: CTG CAIBOATÉ (Rua Cel. Tristão Pinto 368 - São Gabriel, RS).

OBS: A palestra terá como Tradutor
o Prof. Dr. Luiz Fernando Wurdig Roesch

Informações sobre o Palestrante e suas publicações, no link abaixo.
http://microcell.ufl.edu/personnel/faculty/triplett.shtml

Inscrições até dia 14 de Agosto!
Mande seu nome completo, nº da matrícula e o curso para o e-mail do PET-BIOLOGIA e aguarde a confirmação da inscrição.

petbiounipampa@gmail.com

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Descoberta nova espécie de primata

A ONG Conservation International anunciou nesta quinta, por meio de um comunicado à imprensa, a descoberta de nova espécie de macaco zogue-zogue. Batizado de Callicebus caquetensis, foi localizada recentemente numa expedição científica à Amazônia. Os pesquisadores da Universidade Nacional da Colômbia que encontraram o primata, diz a nota, já consideram a espécie extremamente ameaçada, uma vez que sua população é bastante reduzida e a floresta onde vive está sendo destruída.

Ouça a vocalização do animal.

A descoberta, anunciada no jornal científico Primate Conservation, foi feita pelos professores Thomas Defler e Marta Bueno e pelo estudante Javier García, após uma expedição realizada em 2008 ao estado colombiano de Caquetá, que fica perto da fronteira com o Equador e o Peru. A expedição aconteceu mais de três décadas depois que Martin Moynhian, conhecido especialista em comportamento animal, visitou a região e fez os primeiros relatos da espécie.

Durante muitos anos, foi impossível viajar a Caquetá devido à presença de guerrilhas armadas. Quando a violência diminuiu há cerca de três anos, Javier García, nativo da região, pôde viajar para a cabeceira do Rio Caquetá e, por meio de caminhadas e uso de GPS encontrou 13 grupos da nova espécie. O grupo dos macacos zogue-zogue (também chamados no Brasil de guigó ou sauá) possui um dos chamados (sons emitidos pelos macacos) mais complexos do reino animal e o utilizam toda manhã para anunciar o seu território.

“Essa descoberta é extremamente empolgante porque nós tínhamos ouvido falar desse animal, mas por muito tempo não podíamos confirmar se era diferente dos outros zogue-zogue. Agora, sabemos que é uma espécie única, e isso mostra a rica variedade de vida que ainda está por ser descoberta na Amazônia”, informa Defler.

Essa recém-descoberta espécie, entretanto, já tem sua sobrevivência ameaçada. Acredita-se que existem menos de 250 zogue-zogue de Caquetá, ao passo que uma população saudável deveria estar em torno de milhares de indivíduos. A principal razão para esse número reduzido é a destruição das florestas da região que têm sido abertas para plantios agrícolas. Isso diminui drasticamente as áreas para esses animais se reproduzirem, encontrarem alimentos e sobreviverem.

Tanto a população reduzida quanto o habitat fragmentado justificam a classificação do Callicebus caquetensis como uma espécie Criticamente em Perigo (CR), segundo o critério da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN, da sigla em inglês). Isso significa que esse animal enfrenta um risco extremamente alto de extinção no futuro muito próximo.

“A descoberta é especialmente importante porque nos lembra que devemos comemorar a diversidade de vida na Terra, mas que também precisamos agir agora para salvá-la”, alerta José Vicente Rodríguez, diretor da unidade de ciência da Conservação Internacional na Colômbia e presidente da Associação Colombiana de Zoologia. “Quando os líderes mundiais se reunirem na Convenção de Diversidade Biológica no Japão no final do ano, eles precisam se comprometer com a criação de mais áreas protegidas se quisermos garantir a sobrevivência de criaturas ameaçadas como esta na Amazônia e ao redor do mundo”.

CARACTERÍSTICAS - O Callicebus caquetensis é do tamanho de um gato. Seu pelo é marrom acinzentado, mas ele não tem a barra branca na testa, comum em muitas outras espécies de Callicebus. Ele também tem uma longa cauda coberta de pêlos cinzas e uma barba vermelha ao redor das bochechas.

Ao contrário da maioria dos primatas, o zogue-zogue de Caquetá (e provavelmente todos os zogue-zogue) é monógamo, ou seja, forma relacionamentos duradouros e frequentemente se pode ver os casais sentados em um galho de árvore com os rabos entrelaçados. Eles têm cerca de um filhote por ano. Assim que um bebê nasce, os pais normalmente forçam o filhote mais velho a ir embora para poderem se concentrar no recém-nascido. As famílias do zogue-zogue de Caquetá se mantêm unidas em grupos de cerca de quatro indivíduos e são encontradas perto dos principais rios da região.

Disponível em:

http://jc3.uol.com.br/blogs/blogcma/

Mudança climática deve piorar desigualdade de renda no país

Até 2020, as transformações que a agricultura do Brasil deve sofrer com as mudanças climáticas vão contribuir para diminuir o produto interno bruto (PIB) em 0,29% do que seria caso não houvesse mudança climática e piorar a desigualdade de renda.

É o que mostra uma simulação feita pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, pelo economista Gustavo de Moraes.

O pesquisador estudou o assunto durante seu doutorado na universidade. Moraes se baseou em previsões da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sobre a perda de áreas de cultivo de produtos agrícolas com grande importância econômica: soja, cana de açúcar, milho, café, arroz, feijão, mandioca e algodão.

Por sua vez, a Embrapa baseou-se em seis cenários de mudanças climáticas, propostos pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU).

O economista escolheu dois cenários --um deles previa mudanças brandas até 2020 e perda pequena em terras aráveis. Outro previa aumentos mais graves de temperatura até 2070 e perdas maiores de terras aptas para produção agrícola.

Com os dados, ele alimentou um modelo econômico --uma série de equações que mostra como as perdas na agricultura impactam os outros setores da economia.

"A minha pesquisa avalia apenas os impactos na economia dos efeitos das mudanças climáticas na agricultura", diz Moraes. "Mas as mudanças também terão efeitos sobre a saúde, o clima das cidades litorâneas e eventos climáticos extremos [como furacões e enchentes]. Por isso, a conta pode aumentar."

Segundo o estudo, as perdas econômicas acontecem de forma desigual: o PIB do Nordeste em 2020 será 4% menor do que seria caso não houvesse mudança climática. Já o Sudeste teria um aumento de 0,83%. No centro-oeste, a queda é de 2,9%, concentrada nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Para 2070, a pesquisa mostra uma queda do PIB brasileiro em 1,1%. No nordeste, a queda seria 6,13%.

EQUADOR

O nordeste e as regiões produtoras de soja do centro-oeste devem perder dinheiro porque estão em regiões tropicais e, portanto, mais sujeitas às mudanças climáticas. O modelo prevê, por exemplo, que o preço de produção da soja aumente 36% no Mato Grosso e 60% no Mato Grosso do Sul.

Com isso, investimentos destinados à agricultura e trabalhadores da lavoura tendem a migrar para o Distrito Federal e Estados do Sul e Sudeste, onde os setores de indústria e serviços são mais consolidados. Com crédito e salários baixos, os bens produzidos por esses setores devem ficar mais baratos.

O modelo também prevê aumento dos custos de produção de alimentos --que acontece de forma desigual no país. Um exemplo: o cenário de 2020 prevê aumento no custo de produção do arroz em 36% no Maranhão, quarto maior produtor do país. Mas o custo não se altera no maior produtor, o Rio Grande do Sul.

O pesquisador também explica que simulações como esta são boas para prever tendências, mas não para apontar dados exatos. Além disso, é impossível prever com exatidão o comportamento dos agentes da economia --apenas apontar o mais provável.

CONCENTRAÇÃO DE RENDA

As transformações da agricultura vão contribuir para aumentar o custo de vida dos mais pobres e diminuir o dos mais ricos. O motivo: o preço dos alimentos, que vai sofrer alta, corresponde a uma proporção maior do orçamento dos mais pobres. Já para os mais ricos, a maior parte do dinheiro é direcionada a serviços e bens industriais, cujos preços devem diminuir.

A previsão do modelo é que no Nordeste em 2020, por exemplo, o custo de vida das famílias que ganham entre 3 e 5 salários mínimos aumente 1,19%. O das famílias que ganham de 20 a 30 salários mínimos deve diminuir 0,35%. Já no Sudeste, por exemplo, o aumento é de 0,08% para as famílias de menor renda e a queda, de 0,18% para famílias mais ricas.

Já o cenário de 2070 prevê para o Nordeste aumento do custo de vida de 1,85% para os mais pobres e queda de 0,18% do custo dos mais ricos.

O pesquisador explica que para se antecipar às mudanças a economia do Nordeste deve passar a depender menos da agricultura e mais dos serviços e indústria. "Como são cenários climáticos de longo prazo, os planejadores de políticas públicas podem preparar-se para eles", acrescenta Moraes.

"As previsões do modelo para o Brasil repetem as transformações em escala global", diz o economista. "Alguns países industrializados e temperados devem se beneficiar, enquanto países mais pobres de clima quente vão perder."

Disponível em:

http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/782402-mudanca-climatica-deve-piorar-desigualdade-de-renda-no-pais.shtml


Mudança climática deve piorar desigualdade de renda no país

Até 2020, as transformações que a agricultura do Brasil deve sofrer com as mudanças climáticas vão contribuir para diminuir o produto interno bruto (PIB) em 0,29% do que seria caso não houvesse mudança climática e piorar a desigualdade de renda.

É o que mostra uma simulação feita pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, pelo economista Gustavo de Moraes.

O pesquisador estudou o assunto durante seu doutorado na universidade. Moraes se baseou em previsões da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sobre a perda de áreas de cultivo de produtos agrícolas com grande importância econômica: soja, cana de açúcar, milho, café, arroz, feijão, mandioca e algodão.

Por sua vez, a Embrapa baseou-se em seis cenários de mudanças climáticas, propostos pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU).

O economista escolheu dois cenários --um deles previa mudanças brandas até 2020 e perda pequena em terras aráveis. Outro previa aumentos mais graves de temperatura até 2070 e perdas maiores de terras aptas para produção agrícola.

Com os dados, ele alimentou um modelo econômico --uma série de equações que mostra como as perdas na agricultura impactam os outros setores da economia.

"A minha pesquisa avalia apenas os impactos na economia dos efeitos das mudanças climáticas na agricultura", diz Moraes. "Mas as mudanças também terão efeitos sobre a saúde, o clima das cidades litorâneas e eventos climáticos extremos [como furacões e enchentes]. Por isso, a conta pode aumentar."

Segundo o estudo, as perdas econômicas acontecem de forma desigual: o PIB do Nordeste em 2020 será 4% menor do que seria caso não houvesse mudança climática. Já o Sudeste teria um aumento de 0,83%. No centro-oeste, a queda é de 2,9%, concentrada nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Para 2070, a pesquisa mostra uma queda do PIB brasileiro em 1,1%. No nordeste, a queda seria 6,13%.

EQUADOR

O nordeste e as regiões produtoras de soja do centro-oeste devem perder dinheiro porque estão em regiões tropicais e, portanto, mais sujeitas às mudanças climáticas. O modelo prevê, por exemplo, que o preço de produção da soja aumente 36% no Mato Grosso e 60% no Mato Grosso do Sul.

Com isso, investimentos destinados à agricultura e trabalhadores da lavoura tendem a migrar para o Distrito Federal e Estados do Sul e Sudeste, onde os setores de indústria e serviços são mais consolidados. Com crédito e salários baixos, os bens produzidos por esses setores devem ficar mais baratos.

O modelo também prevê aumento dos custos de produção de alimentos --que acontece de forma desigual no país. Um exemplo: o cenário de 2020 prevê aumento no custo de produção do arroz em 36% no Maranhão, quarto maior produtor do país. Mas o custo não se altera no maior produtor, o Rio Grande do Sul.

O pesquisador também explica que simulações como esta são boas para prever tendências, mas não para apontar dados exatos. Além disso, é impossível prever com exatidão o comportamento dos agentes da economia --apenas apontar o mais provável.

CONCENTRAÇÃO DE RENDA

As transformações da agricultura vão contribuir para aumentar o custo de vida dos mais pobres e diminuir o dos mais ricos. O motivo: o preço dos alimentos, que vai sofrer alta, corresponde a uma proporção maior do orçamento dos mais pobres. Já para os mais ricos, a maior parte do dinheiro é direcionada a serviços e bens industriais, cujos preços devem diminuir.

A previsão do modelo é que no Nordeste em 2020, por exemplo, o custo de vida das famílias que ganham entre 3 e 5 salários mínimos aumente 1,19%. O das famílias que ganham de 20 a 30 salários mínimos deve diminuir 0,35%. Já no Sudeste, por exemplo, o aumento é de 0,08% para as famílias de menor renda e a queda, de 0,18% para famílias mais ricas.

Já o cenário de 2070 prevê para o Nordeste aumento do custo de vida de 1,85% para os mais pobres e queda de 0,18% do custo dos mais ricos.

O pesquisador explica que para se antecipar às mudanças a economia do Nordeste deve passar a depender menos da agricultura e mais dos serviços e indústria. "Como são cenários climáticos de longo prazo, os planejadores de políticas públicas podem preparar-se para eles", acrescenta Moraes.

"As previsões do modelo para o Brasil repetem as transformações em escala global", diz o economista. "Alguns países industrializados e temperados devem se beneficiar, enquanto países mais pobres de clima quente vão perder."

Disponível em:

http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/782402-mudanca-climatica-deve-piorar-desigualdade-de-renda-no-pais.shtml


Grandes incêndios florestais atingem Mato Grosso e Tocantins

LUANA LOURENÇO
DA AGÊNCIA BRASIL, EM BRASÍLIA

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) registrou dois grandes incêndios florestais no país nesta quinta-feira (12), no norte de Mato Grosso e no Tocantins. Nesta quinta-feira, os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registraram, em todo o país, cerca de 14 mil focos de queimadas.

Divulgação
Ibama cria força tarefa para gerenciamento e combate aos incêndios florestais
Ibama cria força tarefa para gerenciamento e combate aos incêndios florestais

No norte de Mato Grosso, o Ibama, a Defesa Civil, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e as forças estaduais tentam conter um incêndio de grandes proporções, que destruiu serrarias e pelo menos cem casas do município de Marcelândia. "Já conseguimos controlar o fogo na sede do município", disse o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo.

No Tocantins, o fogo atingiu parte do Parque Nacional do Araguaia, uma terra indígena e a Serra do Carmo, em Palmas. Bombeiros e aeronaves de Brasília devem chegar à região até amanhã (13) para ajudar no controle das queimadas. Um comitê com forças nacionais, estaduais e municipais também foi montado no Estado para monitorar e combater o fogo.

Segundo Evaristo, grande parte das queimadas são provocadas pelo uso do fogo para limpar áreas de pastagem. Com a estiagem e os ventos, os agricultores perdem o controle do fogo, que chega a áreas florestais. "Além de todo esse esforço de combate, vamos multar aqueles que colocaram fogo em suas propriedades sem autorização das autoridades. Quem precisa queimar tem que procurar o órgão ambiental, que vai fazer vistorias e ver se a utilização de fogo é mesmo necessária".

Por determinação do presidente do Ibama, Abelardo Bayma, todas as superintendências do órgão estão em estado de alerta para colaborar com as brigadas estaduais e municipais em caso de incêndios em áreas de floresta. Segundo Evaristo, o Ibama tem 1.700 brigadistas em todo o país.

De acordo com o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), do Inpe, a umidade relativa do ar continuará baixa em todo o Centro-Oeste, no Tocantins, no sul do Piauí, na parte sul da Região Norte, e no oeste da Bahia e de Minas Gerais.

Disponível em:

http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/782395-grandes-incendios-florestais-atingem-mato-grosso-e-tocantins.shtml

Incêndio atinge Marcelândia (MT) e deixa cerca de cem desabrigados

Um incêndio de grandes proporções atingiu na tarde de quarta-feira (11) a zona urbana de Marcelândia (710 km de Cuiabá) e destruiu casas, empresas e deixou ao menos cem pessoas desabrigadas. Não há registro de feridos, mas dezenas de moradores tiveram que receber atendimento médico por intoxicação pela fumaça.

Veja imagens dos estragos causados pelo incêndio

O governo de Mato Grosso enviou ao município o helicóptero da Polícia Militar e três aviões de combate a incêndio. Do alto, segundo equipes da Secretaria de Comunicação que acompanham o trabalho no local, é possível perceber que a área urbana ficou ilhada pelo avanço das chamas.

Para amenizar os efeitos da fumaça, que cobre o município, a Secretaria Municipal de Saúde distribui máscaras aos moradores. Os desabrigados foram levados ao salão paroquial. Ainda não se sabe a origem do fogo --moradores suspeitam do lixão municipal. A Defesa Civil deve divulgar ainda nesta manhã um balanço preliminar dos prejuízos.

Disponível em:

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/781823-incendio-atinge-marcelandia-mt-e-deixa-cerca-de-cem-desabrigados.shtml

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O planeta tem pressa


Oi pessoal, encontrei essa reportagem e achei bem interessante, a imagem acima também direciona para a Revista Veja que trata sobre o Aquecimento Global.
(Att. Suélen - PET-BIOLOGIA)

Até mesmo os mais incrédulos já concordam: a temperatura da
Terra está subindo e a maior parte do problema é provocada por
ações do homem, como a queima de combustíveis fósseis. Ainda
persistem divergências acerca do tamanho do impacto sobre a
vida humana. As soluções também são controversas. VEJA
listou 50 perguntas e respostas que vão ao centro da questão.
O conjunto demonstra que é preciso agir agora


Ronaldo França e Ronaldo Soares

Jim Elliott/AFP
A ERA DO DEGELO
Gigantescos blocos de gelo se desprendem da plataforma Wilkins,
na Antártica: o efeito mais visível do aquecimento global


Previsões

1 Existe alguma dúvida científica incontestável de que o planeta está se aquecendo? Não. Nem os cientistas mais céticos colocam esse fato em dúvida. Nos últimos 100 anos, a temperatura média mundial subiu 0,75 grau Celsius. Também não existe contestação séria ao fato de que isso vem ocorrendo em um ritmo muito elevado. Entre 1910 e 1940 (portanto, em trinta anos), a temperatura média do planeta se elevou 0,35 grau. Entre 1970 e hoje (38 anos), subiu 0,55 grau. Nos últimos doze anos o planeta experimentou onze recordes consecutivos de altas temperaturas.

2 Além das medições, existem outras evidências irrefutáveis do aquecimento? O derretimento do gelo especialmente na calota norte, o Ártico, que vem perdendo área a cada verão, é uma forte evidência. Na calota sul, a Antártica, as perdas são menores e há até aumento da massa total de gelo mesmo com diminuição da área. Paradoxo? Não. Esse aumento é atribuído ao aquecimento global, que elevou a umidade na região, em geral mais seca do que o Deserto do Saara. Com mais chuvas, forma-se mais gelo.

3 Os cientistas dispõem de instrumentos confiáveis para avaliar as mudanças climáticas? Os sinais do aquecimento global não são produto de modelos de computador, mas de medições por instrumentos precisos. Entre as mais concretas estão as medições feitas por satélites e por sondas flutuantes nos oceanos, que fornecem dados em tempo real, segundo a segundo. São consideradas também as medições menos diretas, como a que detecta a espessura e a extensão do chamado "permafrost", o terreno eternamente congelado no Círculo Polar Ártico. Até as flutuações de cores nas auroras boreais fornecem dados sobre a temperatura da Terra. O interessante é que todas as medições, diretas e indiretas, apontam para o aquecimento, sem discrepâncias.

Daniel Beltra/AP

FLORESTA AMEAÇADA
O Lago Curuai, no Pará, durante a seca de 2005: fenômeno pode se repetir em decorrência das queimadas na Amazônia, que atrasam a estação das chuvas

4 A temperatura da Terra tem ciclos naturais de aquecimento e resfriamento. Por que o aquecimento verificado agora não é natural? Há menos de quarenta anos, na década de 70, alguns cientistas chegaram a prever que o planeta estava entrando em uma nova era glacial, tamanha a agressividade dos invernos no Hemisfério Norte. Essa previsão não pode ser comparada à previsão de aquecimento de agora. Nunca houve consenso sobre a iminência de uma nova era glacial, tratava-se de pura especulação. Agora existe um consenso mundial entre os cientistas de todas as tendências de que o planeta está se aquecendo. Menos consensual, mas majoritária, é a noção de que o aquecimento é causado pelo atual estágio civilizatório humano, em especial as atividades industrial e de consumo.

5 Por quais períodos de aquecimento a Terra já passou? Nos últimos 650 000 anos foram identificados pelo menos quatro. O primeiro há 410 000 anos, o segundo há 320 000, o terceiro há 220.000 e o quarto há 110 000. Em todos esses casos, mesmo sem intervenção humana, houve aumento da concentração de gases que capturam o calor e acentuam o chamado efeito estufa. A fonte mais provável desses gases foram as grandes erupções vulcânicas.

6 Se a meteorologia não consegue afirmar com 100% de certeza se vai fazer sol no fim de semana, como ela pode prever o que vai acontecer daqui a cinqüenta ou 100 anos? Saber se vai dar praia ou não é mesmo mais complexo do que fazer um modelo confiável de longo prazo. A modelagem climática lida com tendências e faz afirmações gerais sobre mudanças mínimas na temperatura global. Já a meteorologia imediata trabalha sobre o microclima e sua interação com outros eventos climáticos mais gerais. Essas interações são, por definição, caóticas.

7 As estimativas de que a temperatura média do planeta subirá até 4 graus até 2100 são confiáveis? Esse é o cenário mais pessimista projetado pelos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), que reúne as maiores autoridades do mundo nesse ramo da pesquisa. É um cenário catastrófico, mas ele só ocorrerá, na avaliação dos cientistas, se nada for feito. A projeção mais otimista dá conta de que o aumento projetado seria de 1,8 grau. Isso exigiria um corte de até 70% nas emissões de gases até o ano 2050.

8 Em que pontos os cientistas divergem? Todos concordam que o mundo está mesmo se aquecendo. As principais divergências são sobre a extensão da influência humana e, em especial, sobre se vale a pena ainda buscar a qualquer custo a redução drástica das emissões de gases do efeito estufa. Quem discorda dessa linha sugere que todo o esforço científico e financeiro dos países seja colocado no desenvolvimento de tecnologias que permitam à civilização conviver com os efeitos de um planeta mais quente.

9 Quando o aquecimento passou a acontecer com mais intensidade? O acúmulo de gases começou com o advento da Revolução Industrial, no século XVIII. O aquecimento é diretamente proporcional à atividade industrial. Portanto, quanto mais intensa ela for, mais dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso (N2O) serão lançados na atmosfera. Os problemas começaram a se manifestar agora porque esses gases tendem a se acumular.

10 Quanto a temperatura global já subiu? Durante o século XX, a temperatura média global subiu cerca de 0,75 grau.

11 O ex-vice-presidente americano Al Gore ganhou o Oscar e o Nobel da Paz por seu filme em que mostra conseqüências trágicas do aquecimento. Todas as suas previsões estão corretas? Al Gore optou por mostrar as conseqüências esperadas para os piores cenários. Fez um filme de propaganda, e não um documentário científico. Um exemplo: ele ressalta a previsão de que o nível do mar subirá 6 metros até 2100. O IPCC falava em um aumento máximo de 60 centímetros. Gore, o catastrofista, exagerou feio. A favor dele, diga-se que as previsões têm sido recalibradas para cima. Os mesmos cientistas do IPCC consideram agora que se pode chegar a 1,2 metro de elevação do nível do mar em 2100.

Fotos Tony Karumba/AFP e Kevork Djansezian/AP
TERRAS SUBMERSAS
Vilarejo castigado por enchente no Quênia e o ex-vice Al Gore: Oscar e Nobel para o alerta contra o aquecimento

Razões

12 O aquecimento global é provocado pela ação humana? Como se viu, a Terra já experimentou ciclos de aquecimento muito antes de o homem fazer sua primeira fogueira. O que parece claro, agora, é que a atividade humana está contribuindo para o aumento no ritmo da elevação da temperatura média global. Isso se dá pela emissão principalmente de CO2, o que dificulta a dissipação do calor para o espaço. Atualmente, a atividade humana produz mais CO2 do que a natureza. Antes da Revolução Industrial, as emissões de origem humana somavam 290 ppm (partes por milhão) de CO2. Agora chegam a 380 ppm. Uma das principais razões é a ineficiência energética. Para se ter uma idéia, uma única lâmpada, ao final de sua vida útil, terá consumido em eletricidade o equivalente a 250 quilos de carvão (cálculo, claro, válido para os países que geram energia elétrica com carvão mineral).

13 Por que a emissão de CO2 aumenta a temperatura? O aumento da concentração de gases cria uma barreira na atmosfera. Ela impede que o calor do sol, quando refletido pela Terra, se dissipe no espaço. O calor fica retido entre a superfície do planeta e a camada de gases. Daí o nome efeito estufa. O CO2 é o principal vilão porque sua presença é predominante. Equivale a 70% da concentração desses gases.

14 Que outros fatores podem concorrer para o aumento da concentração de gases do efeito estufa? Além da atividade humana, fatores naturais contribuem para as alterações climáticas: o processo de decomposição natural de florestas, o aumento na atividade solar e as erupções vulcânicas. Mas nenhum desses fatores produziu transformações com a velocidade que a atividade humana vem provocando.

15 Qual o principal agente da emissão de CO2? A queima de combustíveis fósseis. Ela é responsável por cerca de 80% das emissões globais desse gás, o que coloca o mundo numa espécie de sinuca de bico. Não há desenvolvimento sem consumo de energia, e a energia disponível em larga escala depende de carvão, petróleo e gás natural. A principal razão é que os combustíveis fósseis, quando queimados, emitem, em forma de gás, o carbono que ficava armazenado no subsolo. Isso aumenta a concentração na atmosfera.

16 Qual o peso do desmatamento e das queimadas nesse fenômeno? Cerca de 18% das emissões de CO2 são originadas de queimadas.

Jonathan Wood/Getty Images

EFEITO PROLONGADO
A Austrália vive uma de suas mais graves secas: reflexo na produção de alimentos

17 Qual a parcela de responsabilidade dos países emergentes no aquecimento global? Quando se analisa historicamente, a parcela de culpa desses países é pequena. A questão é como eles vão se comportar daqui em diante. Como são muito populosos e têm grande potencial de crescimento econômico, podem se tornar os grandes vilões do futuro.

18 Qual a participação do Brasil, em especial? A maior preocupação em relação ao Brasil é quanto às queimadas e aos desmatamentos. Esses dois fatores respondem por 75% das emissões de CO2 no país. Se forem consideradas apenas as emissões de CO2 decorrentes da queima de combustíveis fósseis, o Brasil é o 16º maior poluidor do mundo. Mas, se for levada em conta a devastação ambiental, o país salta para a quarta posição.

19 É razoável esperar que os países emergentes reduzam sua taxa de crescimento para não contribuir ainda mais para o aquecimento global? É uma resposta difícil. Agora que o Hemisfério Sul começou a crescer e proporcionar melhores condições de vida a sua população surge a questão da sustentabilidade – que não existia quando os atuais países ricos se industrializaram. O melhor que as nações ricas podem fazer é ajudar as emergentes a ter acesso mais rápido a tecnologias limpas.


Conseqüências

20 O ritmo de crescimento da temperatura dá sinais de estar arrefecendo? Não. Tudo indica que ele está sendo mantido e continuará assim.

21 Por que acreditar que esse ritmo será mantido? O aquecimento que se observa hoje é uma soma das ações do passado com as ações presentes. Não há, a médio prazo, nenhuma alternativa energética com potencial de substituir os combustíveis fósseis em larga escala. Para mudar radicalmente as emissões, seriam necessárias intervenções muito profundas, que dificilmente seriam feitas de uma hora para outra. O ritmo de implementação das ações previstas no Tratado de Kioto – principal instrumento dos países e das organizações multilaterais para a redução das emissões de gases do efeito estufa – está sendo mais lento do que se esperava. O tratado é até agora um fracasso. Os países não-signatários de Kioto aumentaram suas emissões em ritmo menor do que os que assinaram o documento.

22 Até que temperatura a vida na Terra é viável? A experiência em regiões desérticas e tropicais mostra que a vida humana em sociedade é possível à temperatura constante de 45 graus. Isso não significa que a vida seria tolerável se todo o planeta atingisse esse pico de temperatura. O desarranjo obrigaria a humanidade a buscar novas estratégias de sobrevivência. Por outro lado, nem o mais pessimista dos cientistas acredita que o aquecimento global ofereceria risco de sobrevivência para toda a raça humana.

23 Há o risco de morrer gente? Sim. Muitos cientistas acreditam que a onda de calor que matou mais de 30 000 pessoas na Europa durante o verão de 2003 já seja reflexo do aquecimento global. Se essas ondas se tornarem mais freqüentes, farão mais vítimas, principalmente entre os mais pobres (que não têm alternativas de proteção) e os mais indefesos, caso de crianças e idosos.

24 Quais as conseqüências previsíveis para o Brasil? A mais grave seria a mudança de vegetação em metade da Amazônia, que se tornaria uma espécie de savana ou cerrado, já a partir de 2050. Isso porque a temperatura na região subiria pelo menos 3 graus. Com a temperatura média do país, que hoje é de 25 graus, passando aos 29 graus, milhares de famílias teriam de deixar o sertão nordestino em busca de regiões de clima mais ameno. O nível do mar também subiria nas cidades litorâneas, como Recife e Rio de Janeiro.

25 Há risco de aumento de doenças como malária, febre amarela ou dengue, por exemplo? Esse é um ponto controverso. Os que discordam são em número muito maior do que os que concordam. A exceção são aquelas doenças em que a relação é direta, caso da dengue, cujo mosquito transmissor se reproduz em maior escala no calor.

26 As geleiras vão derreter completamente? Não vão. A previsão mais pessimista indica que 2% de todas as geleiras derreterão até 2100. Esse derretimento é que levará ao aumento de 1,2 metro no nível do mar.

27 Quais os riscos de faltar água? A água potável vai acabar? Os rios vão secar? É possível dizer também que o sertão nordestino vai se desertificar? A disponibilidade hídrica do planeta não mudará. A distribuição das chuvas pelo globo é que será alterada. Aumentará a disponibilidade de água em alguns lugares, principalmente nas latitudes médias e nas regiões tropicais úmidas. Quanto às regiões equatoriais, existe muita incerteza. Mas pode-se dizer que haverá mais seca nas regiões áridas e semi-áridas. O fim da água potável pode ocorrer, mas não somente por causa do aquecimento. Está relacionado também à poluição provocada pelo homem e ao aumento de demanda por água, principalmente para a agricultura irrigada.

28 Que outros impactos poderiam ocorrer no dia-a-dia das pessoas? As chuvas seriam muito mais intensas, e isso afetaria todas as regiões. Espera-se que haja um maior número de noites quentes e ondas de calor, mas também invernos mais rigorosos. A temperatura variaria em extremos. Se for mantido o atual ritmo de emissões – e levando-se em conta as projeções de crescimento econômico, populacional etc. –, haverá elevação do nível do mar, redução de florestas, enchentes nas regiões mais úmidas, secas mais severas nas regiões de clima árido e semi-árido.

29 A disponibilidade de alimentos estará comprometida? Depende do aumento da temperatura. Se a elevação for de 2 graus (no máximo), poderá haver aumento da área plantada, incorporando-se vastas áreas do Canadá e da Sibéria à produção mundial. Se a temperatura subir além disso, 4 graus ou mais, toda a agricultura mundial será prejudicada. Outro problema é a mudança das chuvas, que pode provocar secas mais severas na África e no sul da Ásia.

Greg Vojtko/AP

PAISAGEM AMEAÇADA
Incêndio na Califórnia em 2007: drama causado pelo agravamento das secas no planeta

30 Pode-se esperar que o aquecimento inviabilize a vida em algumas regiões do planeta, provocando migrações populacionais em massa? Mais uma vez depende de quanto a temperatura vai aumentar. No pior cenário, haverá migração em massa de populações pobres, da ordem de dezenas de milhões de pessoas, em razão da falta de água para beber e para a agricultura. No sudeste da Ásia também podem ocorrer fugas em massa, mas por causa de inundações.

31 A elevação do nível do mar poderá engolir partes inteiras do litoral dos países? Caso se confirme a elevação do nível da água do mar entre 30 e 60 centímetros, os efeitos serão reduzidos. Mas a aceleração do degelo na Groenlândia e na Antártica Ocidental obrigou os cientistas a rever suas previsões. Um exemplo: a Holanda tem mais de 40% de seu território abaixo do nível do mar. Se a elevação da água for pequena, será possível contornar o problema com a construção de diques. Mas, se chegar ao limite máximo imaginado pelos cientistas, o país poderá perder uma parte enorme de seu território. Durante o século XX, o aumento do nível do mar na costa brasileira foi de 20 centímetros. A média global foi de 17 centímetros.

32 O aquecimento global será a principal causa de extinção de espécies? Sim. Já neste século e no próximo, o aquecimento vai superar os dois grandes vilões atuais, que são a caça predatória e a fragmentação de hábitats.

33 Já há alguma espécie ameaçada por esse motivo? Pelo menos 74 espécies de sapo desapareceram nas montanhas da América Central devido ao aumento de 1 grau na temperatura média. Isso mudou o microclima e fez com que um fungo da pele dos sapos se desenvolvesse descontroladamente. Os anfíbios de todo o planeta também correm perigo.

34 Pode-se esperar algum benefício do aquecimento ou apenas tragédia? Os impactos são principalmente negativos, pois perturbam um sistema já equilibrado. Mas há alguns positivos, sim, como o incremento à agricultura em lugares hoje muito frios e a diminuição, na média mundial, na freqüência de noites muito frias, o que trará benefícios à saúde humana.

Soluções

35 O mundo não tem problemas que exigem enfrentamento mais urgente do que o aquecimento global? A fome, a falta d’água e as doenças matam mais gente hoje. Mas o mundo não pode se dar ao luxo de ignorar o aquecimento global. Isso porque, além de efeitos desastrosos, tudo o que se fizer agora só terá resultado décadas à frente. Além disso, para muitos dos problemas atuais há soluções tecnológicas iminentes. O buraco na camada de ozônio é um exemplo. Ele se fechará num futuro próximo, graças a ações já empreendidas. No caso do aquecimento, se o mundo parar de emitir gases de efeito estufa hoje, o problema ainda levará séculos para ser resolvido. Alguns limites já foram até ultrapassados. O melhor exemplo é o gelo ártico. Em 2050, ele poderá desaparecer totalmente durante o verão. Não há mais o que fazer. Não se pode esperar mais cinco ou dez anos para começar a agir vigorosamente.

36 Quanto será necessário investir na suavização dos efeitos da mudança climática? Num primeiro cálculo, estimou-se que seriam necessários 150 bilhões de dólares anuais para cumprir as metas do Protocolo de Kioto. Mas é possível que a conta seja menor, dados o avanço tecnológico e os ganhos em eficiência energética. Um exemplo são os combustíveis fósseis, os que mais emitem gases do efeito estufa. Já existem hoje tecnologias capazes de reduzir em 20% as emissões. Há outros exemplos mais simples. Os sistemas de iluminação com LED, diodos de efeito luminoso, têm eficiência quase vinte vezes superior à das lâmpadas de bulbo.

Divulgação

MINIVILÃO
O besouro que proliferou com o aquecimento: ameaças às florestas

37 É possível reverter totalmente o aquecimento? Não. O máximo que se pode fazer é reduzir o ritmo. Caso se reduzam as emissões globais entre 60% e 70% até 2050, a temperatura subirá até o fim do século entre 2 e 2,5 graus. Se não se fizer nada, ela poderá aumentar entre 4 e 5 graus no mesmo período, com efeitos desastrosos.

38 Reduzir a emissão de gases do efeito estufa, como o CO2, é mesmo o melhor caminho? O que importa é a concentração "líquida", ou seja, a diferença entre o que é emitido e o que é absorvido pela Terra. Ao mesmo tempo em que se reduz a emissão de gases do efeito estufa, pode-se investir no seqüestro de carbono, seja biológico (caso do aumento de área de florestas), seja geológico (armazenagem de gás carbônico no subsolo, tecnologia ainda em estudo). Há ainda o aumento da eficiência energética em relação à que se tem hoje.

39 É economicamente viável reduzir as emissões de CO2 em escala suficiente para resolver o problema? Se nada for feito, a economia mundial sofrerá um abalo descomunal. O Estudo Stern (do ex-economista-chefe do Banco Mundial Nicholas Stern) fala em perdas anuais de até 20% no PIB mundial (o conjunto de riquezas produzidas pelas nações). Em economia, o que torna possível pagar o preço de uma solução é o valor do prejuízo causado pela inação. O estudo calcula que o investimento necessário para resolver o problema chegaria a 1% do PIB.

40 Não seria mais fácil resolver o problema através do desenvolvimento tecnológico? Ainda que se obtenha um elevado grau de desenvolvimento tecnológico, vai demorar para que isso aconteça. Não há tempo para esperar sem trabalhar para reduzir as emissões.

41 Fontes de energia alternativa suprem as necessidades de redução de emissssões de CO2? Todas as fontes renováveis, juntas, não substituiriam sequer metade da quantidade do combustível fóssil usado hoje. Portanto, é preciso reduzir as emissões de CO2 em no mínimo 55% até 2050. O papel das fontes de energia alternativas é auxiliar nesse esforço, assim como na busca de eficiência energética.

42 Não seria mais fácil aceitar que as mudanças climáticas são inevitáveis e investir em formas de conviver com elas? Buscar formas de adaptação será necessário de qualquer jeito. A diferença está no grau de intervenção que será necessário. Dependerá da extensão das mudanças climáticas.

43 Atitudes individuais, como economizar papel e água, por exemplo, surtem algum efeito? Somente com atitudes individuais se poderá promover uma mudança no perfil do consumo, com impacto ambiental significativo. O planeta tem de buscar a máxima reciclagem dos produtos e torná-los mais duradouros. E isso deve ocorrer paralelamente às mudanças em grande escala, como a substituição de fontes de energia e a otimização no uso dos transportes.

44 O que é de responsabilidade dos países e o que compete exclusivamente aos cidadãos? Devido à urgência, são os governos que devem começar a fazer sua parte primeiro.

Jamil Bittar/Reuters

FONTES ALTERNATIVAS
Energia eólica e o biodiesel: em busca da redução das emissões de CO2

45 É possível esperar que a humanidade consiga se adaptar plenamente, seja qual for a intensidade da mudança climática? Dependendo da elevação da temperatura, torna-se impossível a adaptação, em razão da falta de água para beber e para a agricultura. Mas é preciso dizer que as mudanças não afetarão a humanidade de forma igual. Quem mora na Sibéria, por exemplo, se beneficiará. Para os países pobres da África, Ásia e América Latina, no entanto, elas serão prejudiciais, com o risco de migrações em massa.

46 O controle de emissões de gás carbônico conforme estabelecido no Tratado de Kioto terá algum resultado prático? O único efeito prático do tratado foi deslanchar um vigoroso esforço mundial para o desenvolvimento de tecnologias alternativas. O esforço conjunto dos países é o único caminho.

47 Por que os Estados Unidos não querem assiná-lo? O principal argumento é o impacto negativo na competitividade da economia americana. É grande a influência da indústria automobilística e do petróleo sobre as decisões do governo americano. Para escapar das pressões internacionais, o governo daquele país resolveu investir bilhões de dólares na busca de tecnologias mais limpas e tem conseguido melhores resultados do que os dos signatários do protocolo.

48 O que governos e organismos internacionais já estão fazendo de concreto? Alguns países, como Inglaterra e Alemanha, estão tão avançados na redução das emissões e na busca de novas tecnologias que deverão alcançar, já no próximo ano, as metas definidas para 2012. A União Européia começou a se impor novas metas, mais arrojadas, para 2020.

49 As medidas compensatórias, como o mercado de créditos de carbono, terão resultados globais expressivos? O resultado ainda é pequeno, pois o mercado de carbono funciona como compensação. Ou seja, o que se planta de novas árvores no Brasil apenas compensa o CO2 emitido por outro país. Ele não vai além, promovendo uma redução líquida. Conclusão: é bem-vindo, mas insuficiente.

50 Há tempo para evitar o desastre? Há tempo de evitar as conseqüências mais negativas, mas não todas. A Terra já está se aquecendo. O objetivo viável é evitar que se aqueça catastroficamente.

Entre os especialistas consultados por VEJA na elaboração deste questionário
destacam-se alguns dos integrantes do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática.
São eles os cientistas Carlos Nobre, José Marengo, Roberto Schaeffer e Suzana Kahn Ribeiro, que colaboraram na revisão das respostas.


Fonte: http://veja.abril.com.br/070508/p_094.shtml