
Na Ciência não existe nada que não desperte perguntas. Quem se baseia em verdades absolutas é a fé (e normalmente mostra-se errada). Sabemos que fêmeas e machos são diferentes morfologicamente (não! Sério?). A isso, damos o nome de “dimorfismo sexual”. Mas fica a pergunta: Se eles são formados pelos mesmos genes (ou quase) de crescimento, por que as diferenças? Entomologistas da Universidade do Arizona estudaram esse enigma em mariposas e encontraram indícios que haviam sido ignorados. Mas que seria da Ciência sem os mistérios? Aí está agraça, pois sempre há algo escondido, esperando para ser descoberto.
É comum, mundo animal, que tenhamos indivíduos do mesmo sexo possuindo tamanho e formato maior que os do outro sexo. Mas não é estranho analisar que os genes de crescimento nos indivíduos de mesma espécie causem desenvolvimento diferente, mediante o fato de ser macho ou fêmea? Mas a biblioteca genética é mais ardilosa do que poderia sonhar nossa vã filosofia. Entretanto, a equipe do dr. Craig Stillwell, do Departamento de Entomologia e Biologia Evolutiva da Universidade do Arizona, juntamente com o dr. Goggy Davidowitz, professor adjunto de entomologia na mesma universidade, aceitou o desafio ao estudarem mariposas, e descobriram que a chave para desvendar esse mistério está nos estágios iniciais de desenvolvimento, durante o qual os sexos começam a crescer para além do sexo feminino e que pode responder à seleção do tamanho, quase duas vezes mais rápido que os machos podem. Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico Proceedings of the Royal Society of London, Série B.
Segundo o dr. Stillwell, nos mamíferos, os machos tendem a ser maiores porque há uma vantagem em ser maior e mais forte quando se trata de lutar para ter a companhioa do sexo feminino; entretanto, na maioria dos artrópodes, encontramos o contrário: as fêmeas são maiores que os machos, como no caso das aranhas. Em algumas espécies, a fêmea pode ser centenas (!!) de vezes maior do que o maridão. Obviamente, isso causa certosz problemas. Consegue imaginar a sua sogra com 4 metros de altura? Pois, é.
A pergunta de 1 milhão de dólares é “Como é que as fêmeas e os machos podem ser tão diferentes em tamanho?”. Stillwell e Davidowitz voltaram para as publicações já feitas e perceberam que havia algo faltando. O crescimento das lagartas fêmeas e as lagartas machos praticamente são iguais. Logo, a chave do enigma está, portanto, no processo de metamorfose de lagarta para inseto. Dessa forma, o dimorfismo sexual observado nos animais adultos tem a ver com as diferenças no tempo gasto pelos dois sexos como larvas em crescimento. As publicações enfatizavam mais a diferença nos animais quando adultos, mas os dois pesquisadores foram os primeiros a olhar para as larvas e analisar seu desenvolvimento. Como diria Pasteur: “O acaso favorece a mente preparada.”
Stillwell e Davidowitz escolheram a mariposa-falcão (Manduca sexta), uma espécie nativa para o Arizona, como um organismo modelo, principalmente porque esta espécie de inseto é bem estudada, facilmente criada em laboratório e grande o suficiente para permitir a facilidade de manuseio e medição. Os pesquisadores acompanharam mais de 1.200 lagartas a partir do momento em que estas nasceram, analisaram todo o caminho através de quatro mudas e até que puparam. Eles pesaram e mediram os animais em épocas diferentes durante o desenvolvimento e alimentados com os dados em um complexo modelo estatístico que eles desenvolveram. Para a maioria de suas vidas como lagartas, fêmeas e machos não parecem muito diferentes.
“A última fase larval é quando tudo acontece”, disse Stillwell. “Há um momento na vida da lagarta, quando um relógio interno e sugestões ambientais fazem com que o sistema interno do animal torne-se um adulto. As mudanças hormonais fazem-nos parar de alimentar-se e vagueam por aí, procurando um lugar para formar sua pupa, o que acontece dentro de algumas horas, de onde a mariposa adulta vai surgir algumas semanas mais tarde.”
Stillwell e Davidowitz descobriram que as lagartas femininas iniciam esta mudança fundamental um pouco mais tarde do que os machos. No momento em que as lagartas femininas pupam, elas são maiores, para fazer dar origem a mariposas quando estas surgirem. Então, onde está a vantagem em ser maior se você é um inseto fêmea? A vantagem? Fêmeas maiores produzem mais descendentes, daí a Seleção Natural faz o resto: quem produzir mais desendentes, terá maiores probabilidades de passarem adiante suas informações genéticas, aumentando o tamanho da população.
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