quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Novo fóssil é encontrado


Esqueleto petrificado de dinossauro está em sítio paleontológico em São João do Polêsine

Desde o começo dos tempos, a humanidade se questiona sobre o surgimento da vida na Terra e como eram as espécies que habitavam o planeta. Ao longo dos anos, o tema tem sido objeto de estudo de diversos ramos da ciência em diferentes pontos do globo. A descoberta de um fóssil de dinossauro em São João do Polêsine, na região central do Estado, pode ajudar a explicar como viviam os animais que antecederam a vida humana no planeta, há mais de 200 milhões de anos.

O animal foi localizado, em novembro de 2009, por André Brodt, que na época era estudante do Centro Universitário La Salle (Unilasalle) de Canoas e hoje é biólogo. Ele caminhava pelo sítio paleontológico, que fica na propriedade da família Buriol, no município da Quarta Colônia, durante uma expedição, quando enxergou uma vértebra no chão. O sítio é explorado pelo Projeto Ulbra Paleontologia e pelo Museu de Ciências Naturais, ambos , da Ulbra de Canoas, há cerca de 12 anos.

O local da descoberta foi demarcado e protegido. Passado período de chuvas, há cinco dias, o grupo voltou à cidade e montou um acampamento na propriedade rural, ao lado do local onde o fóssil foi achado. Desde então, a turma, formada por quatro paleontólogos – Sergio Furtado Cabreira, Sergio Dias da Silva, Rodrigo Carrilho e Tiago Raugust – , dois biólogos – Lúcio Roberto da Silva e André Brodt –, e uma aluna do curso de Biologia – Ana Luiza Ramos Ilha –, trabalha na escavação para a remoção do fóssil do solo.

Segundo os pesquisadores, as partes encontradas do esqueleto (crânio, maxilar com dentes, mão e perna articuladas) pertencem a um animal adulto, carnívoro (alimentava-se de outros animais, anfíbios e até insetos), bípede (andava sobre duas pernas), tinha cerca de 1m30cm de comprimento e 60 centímetros de altura. Ele teria vivido na região há cerca de 228 milhões de anos, no período Triássico, quando surgiram os dinossauros na Terra.

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Em fevereiro do ano passado, outro fóssil da mesma espécie havia sido localizado no mesmo terreno, a cerca de cinco metros de distância. Ele era um jovem, tinha um metro de comprimento 50 centímetros de altura.

Conforme o paleontólogo Sergio Furtado Cabreira, o fóssil achado agora é uma nova espécie, ainda não catalogada. O estado de conservação do esqueleto contribui para a pesquisa.

– É provável que esse animal tenha morrido perto do curso d’água, caído no rio e logo tenha sido coberto pela lama. O fato de ele não ter ficado exposto ao tempo fez com que fosse preservado. É raro encontrar um fóssil tão organizado. Depois, a erosão foi nossa amiga. A chuva expôs o que antes não se via – explica o paleontólogo Sergio Dias da Silva.

Cuidado – Depois de encontrar o fragmento de fóssil, os sedimentos do entorno são removidos para identificar a estrutura, o tipo e como está disposto na rocha. O trabalho de remoção é minucioso.

Munidos de espátulas, pincéis, martelos e limas, os pesquisadores passam horas e horas escavando a rocha para remover o bloco onde o dinossauro está. Esse serviço deve levar mais cinco dias. O material será levado ao museu, onde começa um trabalho de retirada do fóssil da rocha por meio de ferramentas e substâncias químicas.

Até 1990, havia apenas um dinossauro catalogado no Rio Grande do Sul, encontrado em 1936. Nos últimos 10 anos foram localizados outros cinco (veja quadro ao lado). No sítio paleontológico, que tem cerca de cinco hectares, já foram encontrados animais de outros grupos (que não são dinossauros), como sinodontes, aetossaurus, rincossauros e anfíbios.

– Esse lugar é uma mina de ouro paleontológica – afirma Dias.

Para o paleontólogo Átila da Rosa, da UFSM, a Quarta Colônia é um importante local para exploração de novos sítios e também pela preservação do material. Segundo ele, a descoberta de diversos grupos no lugar comprova a diversidade de espécies no período triássico e colabora com os estudos sobre a origem dos dinossauros na região.

lizie.antonello@diariosm.com.br

LIZIE ANTONELLO
OUTRAS DESCOBERTAS
- Saturnalia Tupiniquim – Onívoro (come diversos alimentos) encontrado no Morro da Alemoa, em Santa Maria, em 1998
- Staurikosaurus Pricei – Carnívoro encontrado na Sanga Grande da Alemoa, em Santa Maria, em 1936
- Sacisaurus Agudoensis – Herbívoro encontrado em Agudo, em 2003
- Unaysaurus Tolentinoi – Herbívoro encontrado em São Martinho da Serra, em 1998
- Guaibasaurus Candelariensis – Carnívoro encontrado em Candelária, em 1998
Fonte: *A lista se refere a animais que já foram catalogados
Diariosm
Confira no site do Diário um vídeo com o trabalho dos pesquisadores no sítio paleontológico em São João do Polêsine


Disponível em:
http://www.clicrbs.com.br/dsm/rs/impressa/4,38,2791141,14002

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